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meu mundo

meu mundo não gira!
é sério, está sem pilha
(igual ao da vida real)

costumava girar,
com a energia de uma só pilha
que carregava em suas costas
o peso desse enorme mundo

mas já comprei com defeito
quando passou a me pertencer
já não girava.

as vezes consigo forçá-lo
giro com o impulso dos dedos
mas ele só gira tempo suficiente
para que não aconteça nada relevante

(igual ao da vida real)

 

Carrego todos os dias

A cada dia, duas forças me envolvem
Sei que cada uma possui o seu propósito.
Como a tonalidade cinza,
me faço metade branca, leve, pura.

Metade preta, carregada, preocupada.

Como o copo d’água pela metade,
Me faço meio vazia, meio cheia (de tudo ou de nada)

Um clichê:

A expectativa nunca condiz com a realidade. O engraçado é que se trocar as palavras de lugar, o sentido continua o mesmo. A realidade nunca condiz com a expectativa. Realidade e expectativa são regras fora do comum, antônimas, rivais, inimigas. Uma sempre alheia a vontade da outra. Vice-versa. Não tem conversa.

Sabe de uma coisa?

Sabe, ela queria mudar. Mudar de nome, sobrenome, endereço. Mudar seus gostos, desgostos e lamentos. Mudar a idade, talvez voltar no tempo. “Ah se existisse uma fórmula, um encanto ou uma máquina do tempo” ela pensava, suspirava e entristecia. Ela sabia, que o que passou estava feito e nunca mais seria desfeito ou mudado. 

Luta

Não estava clara, pelo contrário, estava bem enterrada. Nem mesmo subentendida estava. Não havia pistas, mas também não era um segredo. Estava lá, sim estava em algum canto sem uso. Repentinamente fora  “redescoberta”. Ela – a felicidade. Todos nascem com ela, uma jóia bruta que necessita de cuidados especiais. Alguns, por mera preguiça, deixam simplesmente ela seguir seu caminho e “ir embora”, enquanto outros lutam dia a dia por ela.

É, me enganei.

Chega ser até mesmo engraçada a sensação de não se encaixar mais. O lego está ali, com suas peças todas espalhadas pelo piso gelado da cozinha, mas você simplesmente as olha e não sente a menor vontade de montá-las. Perdeu a fé nas coisas que possuem a possibilidade de serem construídas com base em alguma peça pré-fabricada. Você observa uma peça aqui e outra ‘acolá’ mas não quer se aproximar e nem tocar nelas. Sente repulsa, desprezo ou qualquer outro sentimento desses que tornam as pessoas frias. Não, me enganei. Não há nada engraçado na sensação de não se encaixar mais.

Só uma dose.

– Com licença, mas tenho que ir até o bar mais próximo. Preciso pedir uma dose de cale a boca, quem sabe assim não seja necessário que eu engula a seco essas palavras presas em minha garganta. Até mais.

Talvez

Sempre gostei de ficar de longe. Talvez esperando o momento certo para entrar em cena. Como quando brincávamos de pular corda. Aquele momento em que duas pessoas seguravam nas extremidades da corda e você tinha que entrar assim que ela se abaixava para pular o quanto conseguisse, sem enroscar os pés. Ou não. Só penso, que assim, de longe, de fora da corda… consigo entender as coisas através de um ângulo mais favorável, menos envolvido, com mais discernimento terceirizado. Talvez sem o perigo de tropeçar. Talvez.

Continuamente lá estava ela, dia após dia, a garota, seu gorro e sua frieza. Constante ao observar o calor falso das pessoas que ali passavam. Por vezes até pensava que gostaria de ser como elas, de sentir essa vontade de se falsificar a tal ponto e ser normal. Mas no fundo sabia, que um dia o calor se tornaria oco e seria somente uma questão de tempo, para que essas mesmas calorosas pessoas se tornassem tão frias… quanto ela. É nessa ordem que a vida acontece.

Ps: Ilustração que o amigo Bruno Faria fez, inspirado nesse pequeno conto! Valeu Bruno, ficou muito phoda.